domingo, 5 de setembro de 2010

Minha adorável prisão moral.

Tem dias que essa prisão me sufoca.
Não sei nem por qual crime me colocaram aqui, e essa sentença longa que parece que não vai acabar nunca.
Será mesmo? É prisão perpétua?
Acostumo-me dia após dia, mas às vezes o reflexo do espelho é tão triste... Nem me vejo mais, só vejo a sombra e a vontade de ser um dia alguém que eu nunca fui e talvez nunca vou ser. O carrasco me joga de um lado pro outro feito boneca, ele diz que cuida, mas machuca.
Rebelião? Nunca houve. Se eu tenho vontade? Muita.
Benfício de bom comportamento? Não se pode chamar aquilo de benefício... Chamo de banho de sol, com tempo cronometrado e tudo!
A comida me dá indigestão, as chaves que abrem os cadeados das outras condenadas à minha volta me dão um sentimento anti-cristão, mas conto até dez e me pergunto qual foi o meu crime.
A vontade de ajuda de uma anja na prisão me dá forças, mas a condenação insiste em ser cumprida, e me desamino novamamente.
Queria ser como um inseto, repugnante, mas livre... Queria ter um novo julgamento.
Me tirem daqui! O que eu fiz? Ou...
Me matem aqui! Nunca terei paz mesmo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário