domingo, 22 de abril de 2012

Traduções livres de mim mesma.

Todos os dias são como o primeiro.
Sinto-me capaz de tudo pela manhã,
enfraqueço logo após,
a noite chega e nada do que eu tenha feito me parece útil.

Alguns dias são como os últimos.
Sinto-me incapaz de mover um dedo,
conquisto o mundo pela tarde,
a noite chega e tudo o que eu fiz fica marcado na minha história.

Não importa o que digam,
o que façam, é uma roda da fortuna,
meu motivo de motivação muda a cada segundo.
Até que ele encontrou você.
Parece fixo, imóvel.

E agora os dias são como o primeiro,
aquele primeiro dia que te vi.
Não me sinto capaz de mais nada,
apenas me contento em lhe fazer feliz.
Em lhe ser útil, lhe marcar na minha história.

sábado, 21 de abril de 2012

Vida.

Fale mais de você, dos seus sorrisos, das suas lágrimas, fale da sua vida.
Daqueles que lhe fizeram o bem, e como eles plantaram o amor em você,
me fale também daqueles que lhe fizeram mal, e como você se vingou deles.
Diga-me que você riu e chorou de tudo aquilo que tinha vontade,
mas que você amargou por algumas vezes ter que segurar um riso, um choro.
Conte-me como era ser uma criança na sua época, dos seus dilemas com seus irmãos,
as mudanças de valores humanos daquela época pra cá.
Quero saber também como foi a sua juventude, como você se divertiu,
quantos amores viveu, quantos deixou de viver...
Diga pra mim quantas vezes você precisou parar pra decidir o que quis da vida,
quantas vezes você abriu a geladeira apenas para pensar no próximo passo a tomar.
Diga-me quais eram os motivos mais frequentes das brigas com seus pais,
e quantas foram as vezes que você quis fugir de casa.
Quantos amigos você manteve ao longo dos anos, quantos perdeu,
para quantos prometeu amizade eterna e nunca mais os viu,
quantos amigos novos você fez ontem.
Quem são aqueles que ficam no seu lado não importando quando nem como,
e quem são aqueles que quando você mais precisa somem.
Conte seus planos para uma vida futura, quantos filhos você quer ter,
quando você planeja se casar, quando você vai largar da saia da sua mãe.
Diga-me quais as aventuras que ainda quer fazer, quais as músicas que ainda quer cantar,
quais filmes ainda quer ver e rever, quais os livros que você quer eternizar e guardar ou queimar,
para quais paises você quer visitar, para qual estrada quer se perder e se achar.
Conte-me tudo isso e ainda mais, acima de tudo, diga-me se a sua vida, valeu a pena, se ela vale, e se você ainda pode tirar o máximo proveito dela.

Estação, rua e estrada.

Passado triste, desatenta.
Passado curioso, prestei mais atenção.
Já estive do outro lado,
daquele lado que sempre repugnei.
Atitudes que tomei sem nem me dar conta.

Hoje eu consigo rir de tudo e de todos.
Faz parte da minha história.
Ficou aqui pra me fazer sorrir.

Passado curioso, se me atentar...
Uma estação, uma rua, uma estrada...
Já fui a vítima,
daquela situação que nunca quis estar.
Acontecimentos que passaram sem me dar conta.

Hoje eu consigo rir de tudo e de todos.
Vai fazer parte pra sempre, e vai sempre me fazer sorrir.
Aquela estação, aquela rua, aquela estrada.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Minha mania de você.

Meu bem você me dá água na boca...
Enche-me a cabeça de pensamentos,
oculta minha concentração.
Faz-me perder a cabeça.

Nada melhor do que não fazer nada,
só pra deitar e rolar com você...
Consumida pelo teu beijo,
Instigada de saudade do seu cheiro.
Faz-me perder a sanidade.

No chão, no mar, na Lua, na melodia...
Meu tempo se consome no âmago de querer-te.
Lembranças de uma tarde de verão,
num lugar distante, diferente, quente.
Faz-me perder o sono.

Minha mania de você,
consome, acalenta, persegue.
A vontade da sua pele,
do seu toque, da sua magia...
Faz-me perder a quietude.

Aquela velha opinião formada sobre tudo.

Aquela velha opinião formada sobre tudo, como bem diria Raul, mudou.
Não me vejo mais como antes, não me reconheço...
Fui tomada pelo espírito esquisito do dom de amar.
Não julgo mais antes de saber das razões,
não mais permito que digam coisas ruins de uns dos meus.
Me apeguei a pessoas que jamais pudesse imaginar tamanha cumplicidade.
Amizade virou instância, virou necessidade.
Aquela palavra que conforta, aquela vontade dei dizer exatamente tudo.

Independência ou morte, como gritou D. Pedro, essa assim a antiga eu.
Sozinha no mundo, destinada à desbravar novas terras, novos caminhos,
estava focada à contar apenas comigo, e hoje sei que essa estética é classisista.
O meu moderno é ser aberta, ser cúmplice, ter, dar e ser amor.

sábado, 14 de abril de 2012

14/04

          Conversávamos sobre vida a dois. Umas cinco mulheres de idades diferentes, de situações extremamente distintas. Uma mesa nos cercava, uns copos de caipirinha, um guardanapos amassados nas mãos de algumas delas. Uma música alta ao fundo e crianças gritando e correndo em volta. Uma comemoração simples de aniversário de criança.
          A primeira da roda era recém separada, uma mulher de meia idade,  desacreditada ainda da situação que ela passava, um ano e meioa e o sentimento ainda a perturbava, em certos momentos inclusive, seus olhos chegaram a encher de lágrimas, me senti incomodada pelo assunto tão delicado pra ela.
A segunda, grávida e calada. Ficou apenas ouvindo e concordando ou negando com a cabeça, tinha espasmos de tristeza, olhava pro nada de vez em quando. Ao fim da conversa descobrimos que havia uma briga entre ela e seu marido rolando no meio da festa. Casamento novo, filhos novos.
A terceira, mais velha, estava já um pouco alterada pelo álcool da caipirinha, iniciou o assunto e desabafou sobre suas mágoas guardadas. Por sinal, era mãe da moça calada. Separou-se há uns 6 anos e homem era carta morta e enterrada na sua vida, a única falta que sentia era de um apoio financeiro.
Outra moça nova estava ao lado, bonita, robusta, elegante. Mãe solteira, fruto de um relacionamento errado demais pra dar certo, o filho era motivo de orgulho. Mantém agora um relacionamento sério que promete durar. Pareceu-me sonhadora demais pelo que já viveu.
A próxima, mãe da sonhadora, era mais velha, casada, pseudo-submissa. Manter um casamento por tantos anos não é coisa fácil, alguém tinha que ceder. Pouco falou sobre o assunto, preferiu silenciar-se em certos momentos para não causar atritos.
A última antes de mim é mão da primeira, a mais velha da roda de mulheres, seguríssima de si, pseudo-casada, prestes a completar bodas de ouro, sofre pelo dilema dos filhos, daquelas que se intromete por inocência na vida deles e acaba sendo mau vista.
E eu, calada o tempo todo, só observando, analisando o perfil de cada uma delas, prestando atenção em cada colocação verbal e corporal.
         
          -Olha, só sinto falta de homem pra pagar as minhas contas, porque de resto, quero distância... Ihh, posso sair quando eu bem quiser, voltar a hora que eu quiser. - disse a introdutora do assunto, a senhora da caipirinha.
        
          O assunto virou polêmica, perguntaram se as outras separadas também achavam a mesma coisa, houve divergência, umas disseram que podiam muito bem viver sem ninguém, e além do que preferiam sustentar-se por si sós. Naquele momento pensei no quão delicado e pessoal aquele assunto poderia ser para algumas mulheres da mesa. As mais velhas eram absolutas ao dizer que quando casa-se, uma pessoa se anula, outra vive, que se não for assim o atrito destroi. As mais novas relutavam a negar, conhecendo o perfil de cada uma era nítido saber quem estava mentindo.
A paternidade entrou em cena, sendo a coisa mais importante mesmo após uma separação, ser pai era algo inegável para todas, as separadas tinham orgulho em dizer que podiam contar com seus ex para qualquer coisa, menos para dinheiro e pensão.

          -Ele te ajuda com pensão? - uma delas perguntou a uma separada.
          -Ele ajuda quando ele pode, não faço questão. - essa foi a resposta de uma delas. Toda segura da sua posição. As mais velhas reprovaram com afinco.

          O orgulho feminino em poder trabalhar e conseguir ver o sorriso do filho satisfeito era o diamante daquelas mulheres, em desacordo com as demais. Achavam um completo absurdo não exigir dinheiro, mas o sentimento de piedade alheia era demais pra mudar a cabeça de qualquer uma delas que concordavam na autossuficiência financeira feminina.
As mães presentes faziam questão de martelar na cabeça das filhas que era obrigação, que era lei, que era sagrado. As colocadas em questão acham que cadeia era uma palavra terrível naquele aspecto, colocar alguém com quem ela conviveram anos de paixão era impossível, fora de questão.
O assunto da submissão e apagamento da vida de um ser do casal voltou à tona com tudo. A moça grávida saiu da mesa choramingando, engolindo o choro, como se ela se identificasse com cada palavra do discurso da própria mãe. Depois que ela se retirou, foi a mãe quem não se segurou e começou a chorar, nítidamente ela se esforçava pra segurar tudo aquilo, mas saber, ver e sentir que naquele momento a sua filha estava sendo aquela mulher que precisava viver e deixar viver, era demais pra ela.
           Diante de tudo isso a indagação mental foi geral, e me falaram por último para não fantasiar demais da vida. Questionei-me sobre tudo. Sobre a minha situação presente, sobre o quanto durante aquele dia eu já tinha pensado sobre diversas frases e coisas referente à isso, ri de mim própria por ser uma jovem completamente incógnita da minha vida futura, num sentido amplo. Me coloquei na pele de cada uma delas, conseguia entender cada uma. Elas lá tinham suas razões e eu entendia.
Me flagrei imaginando um futuro perfeito destruido pelas situações mil que poderiam acontecer, apaguei tudo isso da mente e vi como eu sou centrada nas minhas convicções.
Mas vi também o quão condenada por elas eu poderia ser se abrisse a minha boca para expressar a minha opinião. Me perguntei tantas coisa, imaginei tanta coisa...
Por último, balancei as minhas palavras, e as minhas próximas ações diante do meu dia. Resolvi calar-me e enfrentar o que vier ai pra frente.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Me encontrar.

Aquela sensação profunda, carnal e emocional ao mesmo tempo.
Gelo e fogo, minhas mãos na tua, meus olhos fixos nos teus.
Encontro paz, encontro soluções pra problemas impossíveis.

Aquela voz latente, inquieta e silenciosa ao mesmo tempo.
Dizendo a todo instante que é exatamente assim que me completo.
Encontrei amor, encontrei a cópia tão diferente da minha alma.

Como se eu soubesse sem saber que é com você que eu quero ficar,
aqui, agora, pra sempre e além.
Como se eu pudesse parar o tempo por mil instantes só pra imortalizar
isso aqui, dentro da parte infinita do meu ser.

Aquela certeza profunda, bamba e firme ao mesmo tempo.
Eu e você, minha vida na tua, meus caminhos alinhados nos teus.
Encontrei a mim mesma, achei uma razão pra ficar assim pra sempre.


Heleniké.

Sinto uma saudade daquele tempo...
Éramos eu e você numa relação íntima,
diária de total entrega, de total amizade.

Sinto falta daqueles traços,
daquelas letras saindo do meu pulso,
daquela voz gutural, daquela gravidade,
da nossa história épica, trágica, lírica...

Sinto falta daquele velho grupo
apaixonado, dedicado, apavorado,
abençoado pelos deuses.
Dos companheiros combatentes,
do líder tão sábio que inspirava.

Sinto muita saudade do azul,
da paixão, da velha língua.
Sinto falta de você heleniké.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Razão.

Às vezes me convenço de que nada disso deveria ser feito.
Jogar tudo pro alto e cancelar a ideia maluca é a vontade.
Parece rosas quando dizemos palavras juntas,
mas fica ferido quando descompassa...

Querer infelizmente não é poder,
nem em um futuro distante isso parece acontecer.
Ainda bem que as rosas acompanham a maior parte do caminho.
Razões que a minha razão desconhece.

Pretendo parar de ser tão transparente,
oca, incapaz de me descontrolar.
Capaz de defender as minhas razões...