quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

6.

Eu apenas preciso agradecer.
Dizer mais uma vez o quanto cada dia desses seis meses significaram pra mim. Ainda mais além, o quanto cada dia desde o nosso inesperado contato foi importante pra mim.
Estava tudo bem, intacto, e como a vida tratou de colocar algo ainda melhor, me trazendo surpresas e sabores. Como não me lembrar pro resto da minha vida daquele dia que nem sei mais bem ao certo qual foi, só me recordo que fora no final de Abril, quando por um súbito da dominação do sono me fez apenas agir sem nem pensar em nada. O tipo de coisa que não faço com frenquência, sem nenhuma justificativa. Duas e trinta da madrugada, ninguém na sala, todos já dormiam, tinham desligado-se do mundo agitado que estranhamente abordava o nosso feriado naquela pacata cidade. Me lembro apenas de ter me afeiçoado por um gosto nosso em comum.
Apenas fiz.
Sem esperar nada como em cada novo dia, deixei o ato irreversível como estava, não havia nada a ser feito. Também não sei bem ao certo quantos dias se passaram, mas recebi um sinal de fumaça, um contato, algumas palavras que ultrapassaram os cento e quarenta caracteres. Ri a toa com o que lia diante dos meus olhos, incrivelmente o passado já tinha nos posto frente a frente, e eu sequer me lembrava daquele aniversário, já se passou quase dez anos. Mas você lembrava, lembrava de mim, de alguns detalhes que nem eu sabia que você sabia. E a partir daquele sorriso bobo que brotou da minha boca, os cento e quarenta caracteres foram se multiplicando, escrevendo história, dia após dia.
Me deparei com uma ânsia louca de te procurar, de receber alguma resposta sua. Quando demorava, me deprimia. Fugia de coisas da minha vida física só para olhar se 'por acaso' você tinha dado as caras no mundo virtual, imagine que eu estava completamente dominada de curiosidade para saber quais seriam as próximas cento e quarenta letras suas dirigidas à mim. Era inegável, talvez eu recusasse à mim mesma a admitir que me encantava por aquelas palavras soltas num mundo de ninguém.
E o tempo passou, a brincadeira foi ficando séria, era todo dia, de tempos em tempos (leia-se hora em hora) eu corria por notícias suas e como a felicidade vinha com cada resposta mais rápida, a mesma velocidade com que as borboletas voavam no meu estômago.
Platônico, foi exatamente isso o que meu sentimento se tornou, passei da fase de negação e assumi que você mexia comigo, que você me fazia rir em tempos duros. Era bom, era viciante, era louco.
Assumi de repente um compromisso comigo mesma que deixaria de me bloquear, e me deixar levar por cada onda sua, e assim feito, assim procedido. Os dias passando, você já sabia coisas de mim que nem eu mesma sabia, concluindo a hisória sem chegar ao final, você se tornou meu amigo, meu confidente, meu terapeuta, dizia tudo à você, e surpreendentemente eu era o mesmo pra você, que coisa mágica. Tão iguais, tão diferentes, tão sinceros, era exatamente tudo como eu queria!
Um dia em particular, uma noite adentro de conversas, disse como eu me senti em relação à nós, à um ainda inexistente nós, tomei conta de mim e simplesmente disse, deixei fluir, disse que te amava que não havia como não te amar, já estava tão nítido e claro no meu rosto que você via sem ver.
E surpreendentemente mais uma vez, você disse o mesmo.
Deus, como eu parei de respirar por alguns segundos!



Voltando a receber ar, flutuei, e a partir dali existia um nós, um nós complicado de nascer, difícil de sobreviver, um nós mais do que eu e você, um nós misturado por uma coisa tão boa, que eu nunca vou saber descrever com exatidão. Erámos eu, você, amor... éramos afinal nós.
Não tinha mais minhas vontades humanas, estava entregue à um aparelho eletrônico que me deixava mais perto de você, que me ligava à você mesmo à quinhentos quilômetros de distância. Podia te sentir comigo, e eu com você. Era mágico, esplêndido.
Nem precisei dizer à mim mesma que te ver era coia mais do que prometida. Era ponto mais alto das minhas listas de coisas à se fazer, era questão de tempo.
O tempo chegou, o tempo me deixou louca sem te ver, com algumas dúvidas que insistiam dentro de mim, coisa boba, coisa tão insignificante perto do que me esperava, perto do presente que você me daria.
Fui, foi como deveria ter sido, momentos inocentes de crianças tímidas, elogios, olhares, fôlegos. Te vi, te vi com os olhos da alma, era inevitável não querer largar tudo, mesmo minha postura pra te abraçar finalmente, o que parecia tão irreal era real!
Dia seguinte, começamos de fato, você perguntou e eu nem precisava responder, estava piscando na minha testa, agora era completo, era meu de verdade.

E desde aquele dia tem sido assim, flores, amores, sabores...
Claro, que me separar do seu olhar não é nada fácil, mesmo depois de tanto tempo, de tantas idas e vindas. Acabo me acostumando a viver de amor, de uma vida tão maravilhosa junto à você, e ter que deixar isso por uns dias me faz chorar, e você sabe o quanto eu choro em casa despedida, meu interior se lamenta compulsivamente por ter, por ter que partir, por ter que te ver partir...
É desleal, injusto com quem se ama tanto, deixa estar, vamos estar juntos ainda por muito tempo.
Quanto mais eu fico com você, mais eu quero que isso nunca acabe, que isso prospere e se torne um futuro tão brilhante e tão cheio de amor que chega a me faltar o ar mais uma vez.
Agradeço a Deus pelo presente, pela surpresa.
Agradeço a você por exatamente cada coisa, cada dia, cada palavra, cada pedaço seu que eu já conheço tão bem.
Já disse tanto e ao mesmo tempo tão pouco. Nunca vou chegar ao suficiente. Minhas invencíveis palavras não dizem nem perto do quanto você significa em mim, aqui dentro, marcado pra sempre.
Sem mais delongas, quero poder estar presente em alma todos os seus dias, estar fisicamente em todos os momentos importantes da sua vida. Quero ser sua, seus olhos, seus pensamentos, seu coração, assim como você é pra mim.
Somos nós, e seremos nós, agora e sempre mais.
Eu, você e amor, muito amor.

Eu amo você de corpo, alma, mente, pra sempre e além.

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