sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Qualquer semelhança, é mera coincidência.

Parece que é preciso acontecer tragédias para entendermos e darmos o devido valor a quem merece.
Ouvir o depoimento de algumas pessoas ontem no jormal me cortaram o coração, fizeram até lágrimas escorrerem do meu rosto. Me coloquei no lugar daquelas pessoas comuns, seres humanos normais, pensantes e amantes, capazes de levar uma vida tranquila até algo acontecer.
Ouvi dizer que um homem, parece-me que recém casado, estava conversando com sua jovem esposa pela internet, ela trabalhando e ele voltando pra casa. Mais um dia normal, como tantos outros, discutiam o menu do jantar, quem lavaria a louça e quem arrumaria a cozinha, coisas do dia-a-dia.
De repente ela se desconecta. Deve ter sido apenas uma queda no sinal, ele pensa. Ela demora, ele ouve algo na rádio à caminho de casa, um prédio desabou na cidade, e sem perceber, ele se lamenta por mais um problema urbano. Depois de alguns segundos, cai a ficha, é o edifício onde a sua mulher trabalha.
O mundo para por um instante, cessam os pensamentos, não dá pra acreditar que aquilo acontecera com eles. Inicia-se a procura por Deus, pede com tanta fé, capaz de mover o mundo. Vem a esperança, ela só pode ter sobrevivido, ela não partiria assim, sem se despedir, sem um último beijo, sem uma última jura de amor.
Quando ouvi seu depoimento ontem, no jornal da noite, ele dizia com tanta certeza que ela estaria viva, que era só questão de tempo para acharem a jovem beleza da sua esposa encoberta por poeira da catástrofe. Hoje pela manhã, ao saber de mais novidade sobre o caso, descobri que acharam o corpo daquela jovem cheia de planos, cheia de vida, cheia de amor. Imaginei o quanto aquele pobre homem não se desesperou, o quanto ele não implorou por um último adeus, por um último beijo. O quanto ele não se perguntou por que Deus fizera isso com a família dele, por que aquele deveria ter sido o dia, por que não o prédio dele que não desabara? Ele não saberia mais viver sem ela.
Outra pessoa, que jamais conhecera a citada anterior, mas que teria sua vida cruzada ela pelo mesmo sentimento de dor e perda, me acometeu o coração. Dessa vez uma mulher, mais uma cidadã de bem, pagadora de impostos, feliz por ter sua vida em ordem. Esperava o marido chegar do trabalho, para mais uma noite compartilhando problemas do dia de cada um, mais uma noite compartilhando a vida um do outro. Televisão ligada, ouviu da tragédia, se desesperou, procurou, ligou... Sem resposta. Ela se questiona, acredita que a vida dela não sofreria um baque tão grande assim. Ele poderia ter saido mais cedo, estar no trânsito, sem sinal no celular, ele poderia ter ido comprar flores pra ela, fazer uma surpresa, ele poderia até ter saido para encontrar uma amante, mas ele estaria vivo, são e salvo.
Depois de algumas horas, ela tenta mais uma vez contato, e ele atende, e sua voz ecoa dizendo 'Oi amor.' Cai a ligação, cai no choro, cai na real.

A vida toma rumos inexplicáveis, não sabemos dizer onde foi que erramos, se podíamos ter feito algo para remediar o que aconteceu. Palavras que saem soltas, sem pensar; atos errados, equivicados; uma briga boba, uma despedida sem emoção...
Agimos como se não soubéssemos que tudo por acabar daqui um instante...

Devíamos manter no nosso frágil cérebro humano que amar é demonstrar, é exaltar, é viver comos e cada dia fosse o último. Até mesmo eu penso assim por ter visto tanta dor na televisão. Já já eu me esqueço, mas a vida me ensinou a dar valor, a amar, a falar a viver feliz a cada dia. Tenho mil motivos pra dizer o que sinto, tenho mil motivos pra sorrir, tenho mil motivos pata agradecer todos os dias por ter econtrado o amor, a paz, a felicidade, por ver a minha felicidade refletida na de outra pessoa, por te encontrado alguém, a minha preciosidade, a minha raridade, a minha força, a minha fortaleza, o meu herói, o meu conjunto de perfeição, o meu amor.

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